O presidente do sindicato dos bancários em João Pessoa, Marcos Henrique, declarou na manhã desta sexta-feira que o movimento grevista continua forte na Capital e atinge cerca de noventa e oito por cento de adesão das agências.
Segundo Marcos, alguns postos ainda continuam em funcionamento, mas garantiu que na próxima segunda-feira (28) estará se reunindo para obter a adesão total ao movimento. “Dois por cento que não aderiu à greve não vai comprometer nosso movimento, mas é importante que haja adesão total por parte dos nossos companheiros”, afirmou.
Neste sábado o comando nacional que representa os sindicatos dos bancários em todo o país estará se reunindo em São Paulo para decidir os destinos do movimento. Até o momento os bancos não apresentaram nova proposta.
Reivindicações da categoria
Reajuste de 10% do salário – Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação dos últimos doze meses, enquanto outras categorias de trabalhadores de setores econômicos menos lucrativos estão conquistando aumento real de salário.
Bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros – Os bancários querem uma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) simplificada, equivalente a três salários mais R$ 3.850 fixos. Os banqueiros propuseram 1,5 salário limitado a R$ 10.000 e a 4% do lucro líquido (o que ocorrer primeiro) mais 1,5% do lucro líquido distribuído linearmente, com limite de R$ 1.500. Essa fórmula reduz o valor da PLR paga no ano passado. Em 2008, os bancos distribuíram de PLR até 15% do lucro líquido, com limite de R$ 13.862 mais parcela adicional relativa ao aumento da lucratividade que chegou a R$ 1.980. Neste ano querem limitar a PLR a 5,5% do lucro líquido e a R$ 11.500.
Valorização dos pisos salariais – A categoria reivindica pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste linear para todas as faixas salariais.
Preservação dos empregos e mais contratações – Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda. Os bancos se recusam a discutir o emprego e aplicar a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas.
Mais saúde e melhores condições de trabalho – A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho.
Auxílio-creche/babá – A categoria quer R$ 465 (um salário mínimo) para filhos até 83 meses (idade prevista no acordo em vigor). Os bancos oferecem R$ 205 e querem reduzir a idade para 71 meses.
Auxílio-refeição – Os bancários reivindicam R$ 19,25 ao dia e as empresas propõem R$ 16,63.
Cesta-alimentação – Os trabalhadores querem R$ 465, inclusive para a 13ª cesta-alimentação. Os bancos oferecem R$ 285,21 tanto para a cesta mensal quanto para a 13ª.
Segurança – Os bancários querem instalações seguras e medidas como a proibição ao transporte de numerário, malotes e guarda das chaves. Também reivindicam adicional de risco de vida de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos. A categoria defende proteção da vida dos trabalhadores e clientes.
Previdência complementar para todos – Os bancários reivindicam planos de previdência complementar para todos os trabalhadores, com patrocínico dos bancos e participação na gestão dos fundos de pensão.
Ainda segundo Marcos Henriques, os caixas eletrônicos serão abastecidos normalmente pelo menos até o fim do pagamento de aposentados e pensionistas do INSS.
O chefe de gabinete do Procon Estadual, Helton Hené, já anunciou que diante da decisão pela greve geral o órgão vai trabalhar no sentido de assegurar à população o funcionamento de 30% do número de serviços e servidores garantido em Lei durante todo o período que durar a greve.
Milena Feitosa