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Filme Nosso Lar entra em cartaz em João Pessoa

As imagens poderiam ter saído de uma obra de ficção científica. Na tela, os personagens repousam em camas flutuantes, movimentam-se em ônibus voadores e habitam uma cidade futurista e azulada, invisível aos olhos da ciência. Mas, apesar de transportar o espectador a um ambiente transcendental, Nosso lar deve provocar uma dúvida ao fim da sessão: sonho ou realidade? “O livro se tornou uma referência muito importante para quem quer saber algo sobre o mundo espiritual. Mas sei que uma parte do público vai interpretá-lo como uma obra de fantasia. O mais complexo foi fazer um filme plural, ecumênico, sobre a condição humana”, resume Wagner de Assis, diretor, roteirista e coprodutor do longa-metragem.

A confusão será inevitável. Vencer o estigma de “produto religioso” é um dos maiores desafios da superprodução que estreia hoje em cerca de 400 salas do país. O outro é fazer justiça a um dos livros espíritas mais conhecidos do país. Escrito por Chico Xavier em 1944, a obra narraa experiência pós-morte do médico André Luiz na colônia chamada Nosso Lar. Para os espíritas, o carioca “ditou” o testemunho ao médium. Desde a primeira edição (são 60, no total), vendeu 2 milhões de exemplares no Brasil e se tornou leitura de referência para quem crê na doutrina.

“Acima de tudo, é boa literatura, e foi consagrado porque tem uma história poderosa”, observa Wagner, que escreveu fitas infantis (como Xuxa e os duendes) e dirigiu apenas um outro longa (A cartomante, de 2004, codirigido por Pablo Uranga). A força das palavras instigou o cineasta – que se define como um “espírita cristão” – a cometer uma ousadia: sugeriu a adaptação cinematográfica à Federação Espírita Brasileira, que detém os direitos do livro. “Li e estudei o livro diversas vezes. Mas me perguntei: seria possível fazer um filme sobre ele?”, afirma. Para se manter fiel ao ambiente descrito por André Luiz, o diretor saiu literalmente numa aventura: construiu uma cidade.

“Já sabíamos que seria um filme grande. Mas ninguém imaginavaque teria esse tamanho todo”, admite a produtora Iafa Britz, que colaborou em comédias como Divã e Se eu fosse você. O orçamento de Nosso lar, coproduzido pela Globo Filmes e distribuído pela Fox Film, bate a casa dos R$ 20 milhões, uma fortuna até então inviável para filmes nacionais. O longa mais caro até então era Lula, o filho do Brasil, bancado a R$ 16 milhões. E o lançamento quebra outros tabus, principalmente no que diz respeito ao uso de efeitos especiais. No caso, cerca de 300 imagens foram retocadas digitalmente. A empresa canadense Intelligent Creatures, de Watchmen e Fonte da vida, desenvolveu o visual. A direção de fotografia ficou a cargo do suíço Ueli Steiger, de O dia depois de amanhã e Godzilla. E a trilha foi assinada pelo americano Philip Glass, de As horas e Kundun.

Hollywood é aqui

O padrão do longa tem um quê hollywoodiano, mas com limitações à brasileira. “Descobri que a imaginação tem limite sim: é o dinheiro. Para eles (os americanos), fazer um filme como o nosso com R$ 20 milhões éum milagre. Eles gastam 200, 300 milhões de dólares”, compara o diretor. Ninguém ainda se arrisca a prever números de espectadores. Há esperanças, porém, de que o filme desperte o interesse dos 3,4 milhões que assistiram a Chico Xavier, o maior sucesso do ano no país. “Foi uma coincidência incrível, estamos até chocados com isso. É claro que um filme ajuda o outro. Quem viu Chico Xavier entende o contexto de Nosso lar”, comenta Iafa.

 

Jornal O Norte

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