Chegou a hora de saber se o mundo vai começar a se comprometer com políticas claras para conter o aumento da temperatura do planeta. Desde o Acordo de Paris, ratificado na COP 21 em 2015, 195 países fizeram um pacto: limitar o aquecimento a menos de 2°C, com esforços para não passar de 1,5°C. Contudo, além de estarmos longe da meta, até hoje não está muito claro como chegar até lá — e mais difícil ainda será estabelecer como um país vai fiscalizar o outro.
Assim, segundo especialistas ouvidos, uma das maiores tarefas da COP 23 será a finalização do "Livro de Regras"; na prática, um texto com maior detalhamento sobre como alcançar as metas do Acordo de Paris. A COP 23 é a conferência do clima da ONU que acontece a partir desta segunda-feira (6) em Bonn (Alemanha) e vai até o dia 17.
Além da tarefa de garantir a diminuição da temperatura não ser fácil por si só, a COP 23 está num momento político, digamos, desfavorável desde que os Estados Unidos anunciaram a saída do Acordo de Paris. Para completar, nem mesmo a ONU, que coordena a conferência e encabeçou o pacto parisiense, acredita que as medidas são suficientes. A organização diz que os compromissos orquestrados em Paris representam apenas um terço do necessário para combater as mudanças climáticas.
A conferência vai ter ainda outro imbróglio adicional: fazer com que os governos estabeleçam um planejamento de como as metas serão atingidas: elas, em tese, devem envolver detalhamento de políticas públicas para o engajamento de empresas, sociedade civil e outros atores importantes.
O engajamento se faz urgente: relatório da World Meteorological Organization avisou que os níveis de CO2 bateram todos os recordes em 2016 e são os mais altos em 800 mil anos; além disso, outro estudo mostrou que 250 empresas são responsáveis por um terço do dióxido de carbono emitido no mundo. Ou seja, o compromisso de governos deve contemplar políticas públicas capazes de engajar muitos atores sociais para que as decisões façam diferença real no futuro.
G1